Para o Afonso Faustino
Preferir a gradação da noite, onde os contrastes
entre negro e branco se evidenciam naturalmente,
enquanto se aprende a desfocar os cabelos longos
daquela que corre sem parar pelo jardim, agora
invadido por uns quantos acordes eletrónicos e
luzes metálicas, a sublinhar azuis ou vermelhos
apenas evidentes ao olhar do fotógrafo aprendiz.
Assim se inicia a história de um mundo, todos os
dias uma vez mais, quando alguém tem catorze
anos e todas as certezas que o tempo nos pode
dar, sem procurar ainda, fora da lente, um outro
matiz, um outro olhar, que se esconde em código
entre a multidão, mas que acabará descoberto
quando, sob lupa, se revelar o trabalho no computador.