30.7.16

O fotógrafo aprendiz

Para o Afonso Faustino

Preferir a gradação da noite, onde os contrastes 
entre negro e branco se evidenciam naturalmente, 
enquanto se aprende a desfocar os cabelos longos
daquela que corre sem parar pelo jardim, agora

invadido por uns quantos acordes eletrónicos e 
luzes metálicas, a sublinhar azuis ou vermelhos
apenas evidentes ao olhar do fotógrafo aprendiz.
Assim se inicia a história de um mundo, todos os 

dias uma vez mais, quando alguém tem catorze 
anos e todas as certezas que o tempo nos pode 
dar, sem procurar ainda, fora da lente, um outro 

matiz, um outro olhar, que se esconde em código 
entre a multidão, mas que acabará descoberto 
quando, sob lupa, se revelar o trabalho no computador.