29.5.15

Agora só pergunto

Dias após dias
martelando
até que obra ínfima
fosse impossível
de salvar.

Era o processo, era o processo!

Agora só pergunto
não há mais lâmina
para afiar.

E em que tom vais tu dançar?

Martelo, pum, martelo.
Chi-ca-bum, martelo.
Onde a natureza é morta
sempre haverá o que quebrar.

28.5.15

Perguntar

Quantas vezes o regresso
nada tem de transgressor
pouco diz do que aparece
se faz mais no que nos falta?

Quantas vezes é apenas
recomeço ou coito estéril
sem noção da própria história
sem um mapa ou um plano?

Quantas vezes a pergunta
já não quer qualquer resposta
fica bem com um aceno
orgulhosamente calada?

Quantas vezes me esqueci
e insisti em não me lembrar?
Quantas vezes foi inútil
o próprio ato de perguntar?