2.9.11

Com que voz


As vozes embalaram-me durante anos. As vozes da casa, das paredes, dos que existiam e não existiam. As várias vozes da minha boca. As muitas vozes da imaginação. As vozes seguras. As vozes incertas. Sempre, num balanço diário, desde o acordar ao adormecer.

Uma sinfonia precisa sempre de uma organização. Pegamos nos vários instrumentos e tentamos que, da confusão, nasça uma harmonia. Às vezes conseguimo-lo à primeira. Noutras, muitos anos se gastam na perseguição desse objectivo.

Não canso o meu espantar perante uma coisa bem feita quando o pensamento era ainda tão rarefeito. Nem perdoo a preguiça por não ter colocado todos os outros textos acima do nível destes menos maus.

Enquanto houver vida, haverá mudança.