Querer falar-te é, também, saber o ar
com que tu dizes cada palavra do dicionário.
Pudesse eu aprender o alfabeto dos
teus pulmões e voaria com as asas que
trazes dentro.
Querer dizer-te é, também, procurar
todas as letras que te nascem dos dedos.
Fosse eu viajante no tempo e encontraria
uma data qualquer que nos pudesse ter
no início do mundo.
Querer querer-te é ainda uma falta de
chão quando as pernas aprendem o andar.
Marcasse eu cada milímetro do caminho
e já o verão estaria seguro de não chover
dos olhos no calendário.