Ali naquela estrada jaz o cadáver do encontro que
não aconteceu, enquanto os carros continuam a descer
pelo alcatrão, a fazer pisca, a olhar quem vem lá, com
destinos incertos e tantas vezes inseguros, mas nenhuma
preocupação. Logo ali, naquela janela que não faço ideia
qual seja, escondes-te tu e os teus óculos escuros, usados
para não ver o mundo que te saúda ou os poemas que
nascem das rotundas mal plantadas por aí. Alguma vez
te disseram que a arte nasce das coisas que não acontecem
na vida real? Alguma vez te sorriram sem que nada quisessem
de ti? Porque o mundo não é assim tão mau quando pomos
finalmente as mãos na terra para deixar que o medo
não tenha mais poder sobre nós ou as nossas vontades.
Ali naquela estrada jaz o adeus ao que nunca aconteceu.