Desenhar jardins é combater o humano resistente
em nós, retirando-lhe o chão trabalhado de debaixo
dos pés para lhe impor relvas escorregadias, trilhos
de terra e pequenas poças depois da rega.
É procurar nesses recantos do mundo onde se vão
desenhando os pés de quem passa pelo relvado
porque o esquema labiríntico dos passeios se estende
em sentido contrário ao da nossa evolução.
Desenhar jardins deveria, assim, ser promovido como
uma arma de guerra contra as evidências, um sonho
utópico de quem se recusa a ir por ali, querendo
sempre um pouco mais das coisas do que linhas retas,
curvas adequadas ou poupança de meios. E nós, os
que ali vão passar, sem medo de sujar os sapatos.