2.8.16

O caminho

Se estás sempre a aprender, porque nunca
aprendes, pensas tu com o peito inquieto e
a boca seca, a garganta que dói, o sol já te
queima por dentro e ainda nem começou bem

o verão. Se o mundo se constrói pela palavra, 
porque estão estas sempre a derrubar-te, seja
do poiso incerto onde te ergues, seja do chão 
pantanoso que pisas, a cada dia onde ainda te

procuras sem nunca, nunca, te encontrares. Se
o resto do caminho vai ser feito apenas para que 
morras devagar, as flores deixa-as ficar quietas no 

seu canteiro, não as arranques nem guardes num 
vaso, as cerimónias não nos servem de nada, se o 
resto do caminho vai ser só o que poderia ter sido.