Se estás sempre a aprender, porque nunca
aprendes, pensas tu com o peito inquieto e
a boca seca, a garganta que dói, o sol já te
queima por dentro e ainda nem começou bem
o verão. Se o mundo se constrói pela palavra,
porque estão estas sempre a derrubar-te, seja
do poiso incerto onde te ergues, seja do chão
pantanoso que pisas, a cada dia onde ainda te
procuras sem nunca, nunca, te encontrares. Se
o resto do caminho vai ser feito apenas para que
morras devagar, as flores deixa-as ficar quietas no
seu canteiro, não as arranques nem guardes num
vaso, as cerimónias não nos servem de nada, se o
resto do caminho vai ser só o que poderia ter sido.