Com um martelo quebra as montras onde vê
a sua própria imagem refletida, incapaz de fazer
as pazes com os seus próprios falhanços. Exige
dos outros aquilo que não consegue para si próprio,
ensaia o discurso de pai inserindo sentenças nas
cabeças calvas dos que se dignam a ouvi-lo. Fala,
a maior parte do tempo, sozinho, sem ninguém que
se determine a cumprir-lhe as indicações ou a beber-lhe
os conselhos. Não entendeu ainda que com martelos
não se caçam borboletas, nem se escrevem poemas
em folhas brancas de computador. Não entendeu,
sequer, que o lá fora dos velhos clássicos é ainda
mais seco e inócuo do que o seu próprio comércio,
apenas filtrado pelo tempo - o que tudo cura.