Como um gelado que se derrete sobre a
mesa da esplanada na tarde de verão onde
os olhos se fecham e as vozes que se ouvem
são apenas uma repetição de outras tantas
férias que já só têm lugar na memória. Lá mais
para cima, um casal de poetas esconde-se à
sombra, comendo pequenas folhas de alface
e seguindo, à risca, as indicações do médico
que aconselhou o consumo moderado de álcool
e açúcar. Caipirinhas nunca mais, confessa o
empregado de mesa, enquanto quatro senhoras
sorriem e pensam como seria bom voltar a ter
dezoito anos para poder olhar aquele jovem
sem culpa. Como um gelado que se derrete.