Ryszard Kapuscinski fala de como, na cultura africana, o tempo não manda. As pessoas apreendem a espera como parte do mundo. Assim, as coisas não têm hora marcada. Se queres viajar, entras no autocarro e terás que esperar que esteja cheio para que a viagem comece. Ao contrário deles, nós queremos tudo para o instante seguinte. Ou o anterior. Não aprendemos a esperar.
Assim, qualquer demora se torna numa experiência dolorosa. Dói-nos algo que não chega. Magoa-nos qualquer coisa que se prolonga. E o pior é que junto a essa sensação, alinhamos uma ambição de ter mais. Então, à experiência da espera, junta-se a espera pela experiência no seu todo. Quando ela não acontece, a frustração é inevitável.