23.3.12

Razões

Não existem razões para acreditar que as pessoas já não te reconhecem. Nem nada que indique que não tenha o mesmo valor que tinha há anos atrás. Mas talvez esse valor não fosse significativo. Primeiro, olharam-no como uma novidade que não era. Depois, como um ator secundário de um filme que estava para durar. Entretanto, nem o filme durou nem o ator se mostrou particularmente interessado em procurar um novo papel. Assim como assim, já se haviam equivocado com o seu primeiro lugar, para quê buscar um segundo equívoco? Agora que é transparente, regressa mais calmo aos papéis que um dia foram seus. Como quem visita uma casa onde viveu faz muito tempo. Como quem reconhece as alegrias mas percebe, muito melhor, todas as mágoas. Como alguém que já não sente. E só isso faz sentido.