Ele era o
único a saber.
Deram-lhe o
cajado e empurraram-no
para o vale,
ele era o pastor,
ele conduzia
o rebanho,
e à força da sua diferença
inaugurava a
solidão.
Aprendeu de
todas as linguagens
as palavras,
falava com
as aves,
com as
pedras e as árvores,
falava com
os objectos
e
inventava-lhes os nomes.
Só não
falava com a sua gente
porque a
eles todas as línguas
eram
estranhas.
Ele era o
único a saber.
O rebanho
perseguia-o sem resistência,
toda a
riqueza da sua família,
que à força
da sua palavra
se
multiplicava e fazia crescer,
sob os
corpos,
todo o
alimento de que precisavam.
Na noite,
ele inaugurava
a solidão no
seu quarto.
E quanto
mais sabia, quanto mais o rodeavam,
maior era o
seu isolamento.