a)
Há uma luz esguia ao fundo da cidade,
talvez te seja difícil de reconhecer.
Seguimos sempre as placas,
como se desejássemos viver pelas normas,
pelas autoridades parentais
e depois chegamos ao fim pensando,
sou crescido, mas não sei.
Aparece então, no lugar do silêncio,
essa luz esguia,
olhos que brilham na sala escura.
E, uma vez mais, não sabes.
b)
Os homens conversam na soleira da porta.
Lá fora os cães, as crianças correm.
É sábado de tarde, sopra uma brisa.
Os homens falam dos seus assuntos,
ligeiros, as crianças inventam os seus jogos,
cada vez mais sérios. Dentro das casas,
as mães sopram o vapor dos bolos acabados de cozer
e a televisão canta músicas muito calmas.
Os homens conversam na soleira da porta.