12.7.11

Aprender o silêncio para poder, finalmente, apagar tudo o que é memória. Esvaziar o corpo como se esvaziam garrafas de vinho azedo. Procurar pelos armários da casa uma forma de esterilizar, quimicamente, o vidro, fazê-lo novo como uma viagem ao estrangeiro quando se tem quinze anos. Aprender as coisas como se fossem nossas, nunca dos outros. Construir um castelo egocêntrico e nunca dominar as vontades dos habitantes da região. Ser humano, sim, mas um humano mais seco, distante, calado. Muito mais próximo da palavras que desenho nos lábios em todo aquele tempo em que nada digo.