Rapidamente e sem anestesia, disse ele. Tremi. Mas em nenhuma das poucas coisas que me passaram pela cabeça entre esta frase e o restante discurso estava aquilo que se seguiu. Nunca, mas mesmo nunca, esperamos que nos anunciem uma sentença de morte. Daquelas disfarçadas de esperança, mas de morte. Daquelas que podem demorar anos e anos, mas de morte.
Podia escolher ficar do lado da força e da alegria. Mas eu sempre fui daqueles que contemplaram a morte da varanda, como quem vê passar, silencioso e quieto, a procissão. Não sou feito da matéria que enfrenta esse touro pelos cornos. Resguardo-me na expectativa e nas palavras. Sem anestesia.