11.1.13

Cacela


O sol vai descendo
sobre a casa do pároco
e o barulho dos pássaros
faz-nos acreditar
que alguma moura encantada
sai agora das ruínas
da velha vila de Cacela.

Pela calçada não ecoam
os seus mais que leves passos
e as sombras já são parcas
para lhe definir contornos.
Assim seguimos sossegados
e seguros no silêncio do povoado
da velha vila de Cacela.

Se por detrás de cada pedra
resiste uma história por contar
deitemo-nos sobre a muralha
e deixemos que seja a ria
a murmurar-lhe os versos.
Pois que tudo é livre de se imaginar
na velha vila de Cacela.

O sol já caiu para lá
dos muros do cemitério antigo
e adormecidos estão
os pássaros entre as árvores.
Se moura existe, talvez desencantada
se transforme pela magia que resiste
na velha vila de Cacela.