30.12.15
Literatura
Houve um tempo em que escrevi para apagar o passado e um outro tempo em que escrevi para adivinhar o futuro. Em ambos falhei rotundamente. A literatura nunca me salvou. Coxeei sempre entre as palavras que não me serviam. Existe imensa coisa na minha cabeça que não cabe no dicionário. Um dia, deitado numa cama onde se ouvia o mar, confessei finalmente o meu insucesso e libertei-me. Agora já quase só escrevo para fazer balanços, ainda de palavras mancas, salvas pelo desinteresse de um público que não existe. Não me preciso que me salvem, a literatura ensinou-me o caminho.