17.12.15

Chuva

Debatia-se com os dias de sol. Eram os dias que mais clamavam pela sua saída do casulo. A chuva não o perturbava assim. Imaginava-se sempre outro, de tronco despido, a face barbeada, absorvendo sensações veraneantes. Mas não podia. Mesmo no inverno mais quente da história, nem à janela se chegava. Não se permitia tal ilusão. Ficava quieto, à espera da chuva, ciente de que até essa certeza - a de que um dia a chuva, finalmente, chegaria - se prestava à mais inútil das dores.