Vestiste as roupas dos anos oitenta.
Perdido nos intervalos instrumentais
percebes que a primavera é só ausência,
gente a pensar em ti semanas.
Foste aos setenta trabalhar.
Olhaste o chão sem rasto de sangue
mas as paredes ainda falam
e as árvores, hum hum, as árvores.
Chamam-te Fausto, meu capitão.
Não voltas ao lugar onde foste triste,
bem podes abraçar quem te apetecer.
A língua é uma ilusão perecível.
Dentro da tua cabeça és sempre o mesmo,
sabes todas as letras de cor.
Inventas palavras para rimar entrelinhas,
ficas para ali a dançar sozinho.
Tens dezoito anos, trinta e sete,
os teus amigos falam bem melhor que tu.
Sobes as escadas, cansas-te.
Desces as escadas, medo de escorregar.