Se encontramos uma estrada
logo queremos que ela nos leve.
Pouco importa que os lugares
sejam tão diferentes
se vividos de noite ou de dia.
Por exemplo, encontrei uma casa
abandonada num terreno retangular.
Tinha janelas, mas não tinha paredes.
Tinha ervas, lá dentro algumas folhas.
Se encontramos uma estrada
logo nos imaginamos a fazer moradas.
Pedem-nos cartões, identificam-te,
tu sorris, encolhes os ombros,
tanto te faz.
Por exemplo, encontrei um homem bom
e caminhei com ele pela cidade.
Tinha palavras dóceis, as suas histórias.
Tinha um bilhete só de ida para a morte.
Se encontramos uma estrada
logo nascem poemas pelos dedos.
Na boca recordas frutos vermelhos,
mas na memória só tens gelo,
algum gás.
Por exemplo, sabes a que horas vais acordar
amanhã? E depois? Depois?
Há um sorriso desenhado em cada ausência.
O mundo ainda nem está para começar.