De um livro aberto
numa cadeira do hospital
saem vozes em
línguas estrangeiras.
Entendo-as sem esforço algum.
São os olhos de um amigo
e as suas palavras dóceis,
estranho hábito de quem se gosta
sem nunca precisar de confissão.
De um livro aberto
numa cadeira do hospital,
viagens no tempo e
roupas confortáveis.
Mergulho em mim sem receio.
E ser eu ou ele quase
nada importa ao poema,
hábil certeza de quem passa
sem precisar de ver os passos no chão.