14.6.17

Campo da Bola

Ias ser o melhor extremo-direito do mundo ou,
pelo menos, da Serra da Vila, dizia eu profundamente
convencido das certezas que só os quinze anos
nos garantem. Tu achavas que eu ainda jogaria
no Torreense, sonho mais comedido mas fruto dessa
simpatia que sempre apresentavas com um sorriso.
Eu confirmei que não ia a lado nenhum,
mas tu és bem capaz de ter sido um dos que vestiu
a camisola amarela e os calções pretos com mais
orgulho e atacou, como quem sabe poder enganar
o mundo, todos os campos pelados do Concelho.

Ainda esta manhã tinha pensado há quanto
tempo não vou ao Campo da Bola, há quanto tempo
não subo a pé até ao ponto mais alto da aldeia,
onde sopra o vento ao ponto de quase voarmos e
queima o sol sem que nos possamos dele proteger.
No Campo da Bola só se deveria morrer de alegria,
de êxtase profundo, com golos, aplausos e festança.
Mas também se morre de desespero, como uma bola
que falha o alvo. E se até aos melhores do mundo
acontece, porque não nos haveria de acontecer a nós,
aqueles que não vão a lado nenhum.