11.3.17

Onde não estás

Onde eu te toco
É onde o silêncio existe
Antes da explosão

Onde a pele se desoculta
Mesmo se para lá
De todas as fibras

Onde os dedos
Ainda caminham
Na geometria do teu pescoço

Onde tu não estás
Eu sei
É o encontro
Do que faz
Sentido
Para mim
Ter-te assim
Onde tu não estás.

Onde eu te beijo
É onde o deserto desiste
Antes do aguaceiro

Onde tu permites
Que descaia breve
A mansidão do gesto.

Onde os lábios
Se reencontram

Com a geometria do teu pescoço.

(2010)