Não fosse o 25 de Abril,
hoje era vinte e cinco de abril
e aquilo que imagino, distante,
nestas ruas, seria peso
sobre a cabeça rapada
que transporto.
Eu morto ou escorraçado
numa rua que me é estrangeira
onde estranho também eu seria,
infeliz combatente
de uma pátria ignorante,
desmerecida.
Não fosse, portanto, a Coragem,
daqueles que souberam dizer
o sim e o não em contraponto,
e tudo em nós seria minúsculo,
apagado e descrente,
como num outro dia qualquer.