Um dia bebeu
água salgada. E tanta água salgada bebeu que, dentro de si, se fez calo em
todos os órgãos. Um órgão assim funciona ainda. Apenas tem mais dificuldades
para sentir. Começa a aceitar que se lhe espetem facas. Começa a compreender
que se lhe dirijam com murros. Começa a alimentar-se da vida causada pela dor.
Um dia bebeu água salgada. E quando voltou a si, tinha-se feito mar.